No imaginário popular, quem fuma narguilé, recipiente no qual a fumaça passa por um filtro de água antes de ser aspirada, não sofre com os efeitos nocivos do tabaco.
Mas, segundo informações da Organização Mundial da Saúde, utilizar o cachimbo por 20 a 80 minutos, tempo que duram em média as sessões, corresponde à exposição a todos os componentes tóxicos presentes na fumaça de 100 cigarros.
Atrelado a isso, além de causar dependência, estudos associam o uso de narguilé ao desenvolvimento de cânceres de pulmão, boca e bexiga, entre outras doenças.
No momento em que se comemora o Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado hoje (31/05), e diante do dado de que o tabagismo mata 6 milhões de pessoas no mundo anualmente, 1 milhão só no continente americano, há dois anos o Instituto Nacional de Câncer (INCA) escolhe o assunto para motes de campanhas para alertar principalmente os jovens dos perigos do consumo do tabaco.
Dados da Pesquisa Especial sobre Tabagismo (PETab), realizada em 2008 pelo IBGE em parceria com o INCA, apontaram que o cachimbo de origem oriental tinha, na época, quase 300 mil consumidores no país.
A boa notícia é que os moradores de Vitória estão fumando menos, segundo a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas, do IBGE. Em 2006, o percentual de fumantes era de 15,9%, índice que caiu para 8,2% no ano passado. Os dados mostram ainda que no Brasil o percentual caiu de 15,7% para 11,3% no mesmo período.
“Os cânceres, como o de pulmão, são resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais, sendo que em cerca de 5 a 10% há uma predisposição familiar, as chamadas síndromes de predisposição ao câncer hereditário. Ou seja, o desenvolvimento de tumores malignos está diretamente relacionada ao meio em que se vive, hábitos de vida, alimentação, entre outros fatores”, esclarece o geneticista do Lig Diagnósticos, Filippo Vairo.
Na verdade, todo câncer apresenta alguma alteração genética, mas apenas cerca de 10%, (ou menos, em certos tipos da doença), tem como causa direta apenas essa alteração. Na maioria dos casos, a mutação genética é um fator que é complementado por vários outros, ligados ao ambiente em que vivemos e aos hábitos de vida que escolhemos adotar. Ou seja: nossa história de saúde tem uma origem genética, mas quase sempre nossos hábitos e atitudes é que irão determinar o resultado final.