Infertilidade é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como ausência de concepção após doze meses de relações sexuais sem a utilização de contraceptivos. Se após esse período a gravidez não acontecer, é preciso procurar ajuda médica.
De acordo com a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, dois em cada dez casais têm alguma dificuldade em engravidar. Alguns especialistas dizem que 40% dos fatores causadores da infertilidade são provenientes do homem, 40% da mulher e 20% de ambos.
Muitas vezes, o indivíduo não apresenta esterilidade, condição na qual o corpo não é capaz de produzir ou secretar gametas (óvulos nas mulheres e espermatozoides nos homens), e que acarreta chance praticamente nula de gravidez . A dificuldade em engravidar pode ocorrer por diversos outros motivos, entre os quais avanço da idade, alimentação inadequada, excesso de exercícios físicos e ansiedade.
Logo abaixo você confere alguns fatores que podem estar atrapalhando o seu projeto de gravidez:
- Síndrome dos Ovários Policísticos: dentre os fatores ovarianos que dificultam a gravidez, essa síndrome é a mais recorrente — acomete cerca de 10% de todas as mulheres e 75% das inférteis. A doença causa cólicas, menstruação irregular, pele oleosa, acne e obesidade. Ela é caracterizada pela falta de ovulação e pelo excesso de hormônios masculinos, como a testosterona.
- Peso: os hormônios que chegam até os ovários e atuam no sistema reprodutor das mulheres precisam, necessariamente, da ajuda da gordura para trafegar no organismo. Tanto o excesso de gordura quanto a falta dela alteram o funcionamento do metabolismo, comprometem a ovulação e desregulam a menstruação.
- Endometriose: a endometriose, que afeta de 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva, consiste no crescimento do tecido que reveste a parede interna do útero (o endométrio) em locais como ovários, bexiga e intestino, podendo causar inflamação nas trompas e na cavidade abdominal. Os sintomas comuns são cólicas menstruais fortes, dor na relação sexual e alterações urinárias e intestinais durante a menstruação.
- Desregulação hormonal: sintomas como ciclos irregulares, mudanças de peso bruscas, alteração de humor e ansiedade podem ser indícios de alteração hormonal. A ovulação é controlada por hormônios e depende, também, do bom funcionamento do organismo como um todo. Qualquer desregulação em alguma glândula secretora, como na tireoide, pode levar à dificuldade de engravidar, já que a ovulação fica deficiente.
- Doenças Sexualmente Transmissíveis: as DSTs podem inflamar o útero e as trompas de falópio (por onde passa o óvulo em diração ao útero). Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 10 a 40% das mulheres que não trataram doenças como gonorreia ou infecção por clamídia (bactéria que atinge a uretra e as áreas genitais) possuem uma inflamação na pélvis, que dificulta a gravidez. No caso dos homens, a gonorreia pode obstruir os dutos por onde os espermatozoides saem na ejaculação.
- Ansiedade e estresse: fatores emocionais, principalmente a ansiedade e o estresse, modificam o funcionamento do hipotálamo — mais precisamente da glândula hipófise, que secreta hormônios importantes para a ovulação, como a gonadotrofina e a prolactina.
- Tratamento de câncer com quimioterapia: a quimioterapia, além de destruir as células cancerígenas, pode comprometer o bom funcionamento do sistema reprodutor. Os compostos químicos atacam o corpo inteiro, incluindo os óvulos, dificultando a gravidez.
- Fatores genéticos: várias alterações genéticas conhecidas podem causar infertilidade – saiba mais logo abaixo –, mas ainda há outras ainda não determinadas, mesmo após uma completa investigação diagnóstica. Estas últimas são denominadas fatores idiopáticos, e podem acometer tanto homens como mulheres. Havendo causas genéticas, indica-se geralmente a reprodução assistida.
Cariótipos
O estudo numérico e estrutural de cromossomos ao microscópio – após cultura – que pode revelar grandes rearranjos no material genético, os quais, entre outros efeitos, podem causar problemas de reprodução.
Microdeleções do Cromossomo Y
Cerca de 10% a 20% dos homens inférteis apresentam microdeleções na região AZF (fator para Azoospermia) no braço longo do cromossomo Y. Essa região é composta de 3 subregiões, AZFa, AZFb e AZFc, e contém genes responsáveis pela produção e maturação dos espermatozoides humanos. Uma pequena área de AZFc, que contém o gene DAZ, está muitas vezes ausente em pacientes azoospérmicos (sem espermatozoides no sêmen ejaculado).
A pesquisa de microdeleções é bastante útil na investigação de infertilidade masculina, mesmo se houver outra causa associada, e também se após tratamento não houve elevação do número de espermatozoides. É importante estabelecer a causa de azoospermia, pois em caso de reprodução assistida, todos os filhos homens do paciente com microdeleção no cromossomo Y herdarão a alteração genética e também serão estéreis.
Trombofilia
A trombose é uma doença de caráter multifatorial, que pode ser causada tanto por fatores genéticos (mutações em genes de substâncias homeostáticas, como protrombina, Fator V de Leiden, MTHFR – Metilenotetrahidrofolato Redutase), e por fatores adquiridos (uso de anticoncepcionais, gravidez, imobilização após cirurgias, traumatismo e doenças malignas).
A ação isolada ou conjunta desses fatores pode levar ao tromboembolismo, que atinge cerca de 1/1000 indivíduos adultos por ano.
A trombofilia pode estar envolvida em casos de abortos de repetição, falhas repetidas de reprodução assistida ou complicações gestacionais tardias, tais como descolamento prematuro de placenta, trombose de veia umbilical ou trombose puerperal. Genes pesquisados:
a) Fator II (Protrombina)
A protrombina ou Fator II é sintetizada no fígado, em presença de vitamina K. Transforma-se em trombina, que ao final da cascata da coagulação leva à formação da fibrina do coágulo. Contribui também para regular a coagulação sanguínea através de ligação com outros fatores, tendo papel importante no equilíbrio das ações pró-coagulantes e/ou anticoagulantes.
A mutação G20210A no gene do Fator II ocorre em 1-3% dos caucasoides. Causa aumento da concentração plasmática de protrombina, levando à maior formação de coágulos, e predispondo à trombose venosa.
Indivíduos homozigotos para a mutação G20210A têm risco 6 vezes maior que o normal de sofrer uma trombose; os heterozigotos, risco 3 vezes maior. Esse fato torna importante a pesquisa da mutação em indivíduos jovens com história pessoal ou familiar desse problema vascular.
b) Fator V de Leiden
Existe um equilíbrio dinâmico e delicado, controlado por diversas substâncias (fatores) e mecanismos inter-relacionados, que mantém íntegro nosso sistema sanguíneo: a homeostase sanguínea. Nesse sistema, fenômenos como coagulação e sangramento são ajustados para que não haja dano à saúde.
A cascata da coagulação sanguínea é ativada pela trombina, cuja síntese depende de uma proteína plasmática, o Fator V. Mutações no gene desse fator são um dos principais fatores de risco para trombose venosa, e a mutação pontual G1691A do gene do Fator V de Leiden é uma de suas principais causas.
c) MTHFR
O gene MTHFR leva à produção da enzima de mesmo nome, que atua na conversão de homocisteína em metionina, aminoácido precursor de vários processos importantes do organismo. Uma deficiência na enzima MTHFR favorece a ocorrência de tromboses arteriais e venosas.
Array CGH para CMA (Análise Cromossômica por Microarray)
Um único teste pode investigar todos os 46 cromossomos humanos, detectando e quantificando vários desequilíbrios cromossômicos. É muito útil para pacientes que tiveram cariótipo com resultado inconclusivo, mas que têm sintomas clínicos de alteração genética. É especialmente indicado para esclarecer causas de atraso de desenvolvimento psicomotor, autismo, insuficiência de crescimento, abortos e malformações fetais.
Fonte: Veja Saúde