doador

11 mitos sobre transplantes de órgãos

18 de março de 2013

O tema doação de órgãos é cercado de desinformação e mitos, que prejudicam seu incremento, uma vez que seu sucesso depende da decisão do indivíduo pela doação. O Espírito Santo registra um número de doadores superior à média nacional: são 14 doadores para cada milhão de habitantes, enquanto a média brasileira é de 11, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Mas para que esse número cresça, é necessário o envolvimento da população.
São feitos no Estado, anualmente, cerca de 100 transplantes de rim e 30 de fígado. A fila para transplantes de córneas no Estado já foi zerada: são 250 transplantes de córneas no Espírito Santo a cada ano. A lista de espera é liderada por pessoas que esperam um rim (862), seguida de fígado (27), coração (seis) e córneas (cinco), segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde. O envelhecimento da população leva a um cenário de maior demanda pelo transplante de órgãos.
Listamos os 11 mitos mais comuns que envolvem o tema, e ajudamos a esclarecer como ocorre o processo de doação de órgãos no Brasil.

 

1. Podem retirar os órgãos de um paciente morto para transplante sem consentimento

Falso. Os órgãos só são retirados para transplante após constatação da morte encefálica e consulta à família. Para que seja dado o diagnóstico de morte encefálica de um paciente é necessário que seja feito dois testes de apneia (falta de movimentos respiratórios), duas provas calóricas, dois testes de ausência de reflexo de tronco-encefálico e, por último, um teste de imagem, podendo ser arteriografia ou ecodoppler transcraniano. Após todos os testes positivos, ou seja, confirmatório para morte encefálica, a família é convidada pela equipe multidisciplinar da Comissão intra-hospitalar de doação de órgãos e tecidos para transplante – CIHDOTT, formada por enfermeiros, assistente social, médicos e psicólogos, a doar órgãos do paciente.

 

2. Para ser doador, é preciso que a vontade esteja expressa na carteira de identidade.

Falso. A grande dificuldade em aceitar a doação vem da falta de informação e da lei que foi criada em 2000 e extinta em 2006, segundo a qual a pessoa expressava, na carteira de identidade, sua vontade de ser ou não doadora. Isto, hoje, se torna um obstáculo para a doação, pois muitos acreditavam que seus órgãos seriam retirados de qualquer maneira, quando eram apontados como doadores na carteira de identidade. Hoje, a pessoa que demonstra ter vontade de ser doadora deve sempre conversar com seus familiares e/ou amigos próximos sobre seu desejo, pois serão eles que aceitarão a doação de órgãos, quando em morte encefálica.

 

3. Terei custos para ter um doador de órgãos na família, devido aos exames que devem ser feitos.

Falso. O doador ou sua família não tem custos nem ganhos financeiros, sendo apenas entregue uma cara de agradecimento pelo gesto solidário e humano. Os custos por todo esse processo de diagnóstico de morte encefálica e captação de órgãos são cobertos pelo SUS.

 

4. Posso ser vítima do golpe “boa noite, Cinderela” e ter meus órgãos retirados enquanto estiver sedado.

Falso. Essa história tem sido largamente veiculada pela Internet. Não há absolutamente qualquer evidência de tal atividade ter ocorrido. Mesmo soando como verdadeira, essa história não se baseia na realidade dos transplantes de órgãos. Sabemos que é absolutamente impossível esse tipo de ocorrência, pois, para realizar a retirada de órgãos e o transplante é necessário cuidados especiais com o doador, o receptor e principalmente com os órgãos retirados, para o aproveitamento dos mesmos.

 

5. Se tiver autoridade ou rico na fila do transplante, eles terão prioridades para receber o órgão.

Falso. O que realmente conta é a gravidade da doença, o tempo de espera, o tipo de sangue e outras informações médicas importantes. De nada importa a condição social ou financeira.

 

6. Só pessoas jovens podem ser doadoras de órgãos.

Falso. Pessoas de todas as idades podem ser potenciais doadoras. A condição médica no momento da doação é que determinará quais órgãos e tecidos poderão ser doados.

 

7. Pessoas que têm ou tiveram hepatite não podem doar o fígado.

Falso. Podem doar a pessoas que possuem o mesmo problema.

 

8. Se os médicos do setor de emergência souberem que você é um doador, não vão se esforçar para salvá-lo.

Falso. Se você está doente ou ferido e foi admitido no hospital, a prioridade número um é salvar a sua vida. A doação de órgãos somente será considerada após sua morte e com o consentimento de sua família.

 

9. Somente corações, fígados e rins podem ser transplantados.

Falso. Órgãos necessários incluem coração, rins, pâncreas, pulmões, fígado e intestinos. Tecidos que podem ser doados incluem: córneas, pele, ossos, valvas cardíacas e tendões.

 

10. A doação dos órgãos desfigura o corpo e altera sua aparência na urna funerária.

Falso. Os órgãos doados são removidos cirurgicamente, numa operação de rotina, similar a uma cirurgia de vesícula biliar ou remoção de apêndice. A urna funeral poderá ser aberta.

 

11. A religião proíbe a doação de órgãos.

Falso. Todas as organizações religiosas aprovam a doação de órgãos e tecidos e a consideram um ato de caridade. Até mesmo as religiões que são contrárias à transfusão de sangue não interferem na decisão de doação.