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Conheça o trabalho da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante

26 de setembro de 2014

lig_0024_14c_doacao_de_orgaosQuem assiste a uma reportagem sobre transplante de órgãos com certeza não imagina o trabalho logístico, legal e emocional envolvido em todo o processo. O verbo doar é utilizado com muita propriedade em diversas campanhas na área de saúde e é justamente esse o trabalho da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT): sensibilizar a população sobre a importância da doação.

A CIHDOTT é composta por uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e é obrigatória em hospitais públicos, privados e filantrópicos com mais de 80 leitos. “O trabalho do CIHDOTT é dar apoio emocional e acompanhamento psicológico para que a família sinta segurança e entenda que a nossa missão é salvar uma vida, e não tirar a vida de quem ela ama”, explica a enfermeira Rosemary Gomes Sabadini.

“Seja a parte fundamental na vida de alguém”. Esse é o slogan da Comissão implantada no Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves (HEJSN) – uma tentativa de desmitificar crenças sobre doação e também construir um legado de cuidado e amor ao próximo.

“A Associação Evangélica Beneficente Espírito Santense, a AEBS, trabalha muito com o lado humano dos pacientes e é esse trabalho que nós buscamos implantar na CIHDOTT. Tentamos esclarecer todas as dúvidas da família acerca da questão do transplante, mas se mesmo assim os familiares do possível doador não expressarem o desejo de doar os órgãos, respeitamos a decisão”, ressalta Rosemary.

Entenda melhor todo o processo

O passo a passo para a doação de órgãos acontece em dois níveis: córneas e múltiplos órgãos. Na doação de córneas é preciso que o óbito tenha acontecido, pois é necessário que o coração já tenha cessado as suas atividades. Outro fator importante para que esse tipo de doação aconteça é que seja observado um tempo limite de seis horas contadas a partir da morte do paciente. Outros critérios também são estabelecidos, como a faixa etária, que deve ser entre 02 e 75 anos e não apresentar infecções e/ou doenças do tipo transmissíveis.

A diferença entre transplante de córnea e de múltiplos órgãos é que para o primeiro caso, o coração tem que estar parado. Já na segunda ocasião é preciso comprovar a morte encefálica, entretanto, por meio de aparelhos, a equipe precisa manter o coração em atividade.

Essa comprovação de morte encefálica obedece a um rigoroso protocolo para constatar se o paciente responde a estímulos neurológicos – procedimento que se dá com a realização de dois exames, com um intervalo de seis horas entre eles, de acordo com as normas do Conselho Regional de Medicina.

Esses exames só podem ser realizados em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), com o paciente entubado, conectado a um respirador e recebendo medicamento. A confirmação de morte encefálica serve para comprovar que o paciente está realmente morto. Apenas a partir dessa confirmação é que serão avaliados os demais critérios para uma possível doação (faixa etária adequada, saúde e autorização da família).

Após a entrevista com a equipe do hospital, e se a família autorizar o transplante, é feita a verificação de compatibilidade com a fila de espera. Somente após essa etapa ocorre a liberação definitiva para a doação.

A partir daí entra em cena a equipe de captação de órgãos. “Após a autorização da família e a captação, é tudo muito criterioso com o objetivo de não deixar margens para dúvidas. Temos sempre o cuidado de deixar claro para os familiares quais órgãos foram captados”, esclarece Louise Machado Lima, assistente social do HEJSN.

Doação entre vivos

De acordo com a lei, a doação em vida só é permitida entre pacientes até segundo grau. Fora isso, é preciso entrar na justiça para solicitar esse tipo de transplante. A medida serve para evitar o comércio e tráfico de órgãos.

A doação em vida é aplicada apenas para órgãos duplos, como os  rins. No caso do pulmão e do fígado, é extraída apenas uma parte do órgão. A medula óssea também pode ser doada em vida.

Funções da CIHDOTT

- Detectar possíveis doadores de órgãos e tecidos no hospital;

- Viabilizar diagnóstico de morte encefálica, conforme resolução do Conselho Federal de Medicina;

- Criar rotinas para oferecer aos familiares de pacientes falecidos no hospital a possibilidade de doação de córnea e outros tecidos;

- Articular-se com a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) para organizar o processo de doação e captação de órgãos e tecidos;

- Responsabilizar-se pela educação continuada dos funcionários da instituição sobre os aspecto das doações e transplantes de órgãos e tecidos;

- Articular-se com todas as unidades de diagnósticos necessárias para atender os casos de possíveis doações;

- Capacitar, em conjunto com a CNCDO e o Sistema Nacional de Transplantes, os funcionários do estabelecimento hospitalar para a adequada entrevista familiar de solicitação e doação de órgãos e tecidos.

Fonte: Secretaria de Saúde – Governo do Estado do Espírito Santo