Você conhece alguém que é ou se diz hipocondríaco? Ao contrário do que muitos pensam, o aspecto principal desse problema não é a preocupação com sintomas ou remédios, e sim o medo de estar sofrendo de uma doença grave. Esse medo costuma ser tão intenso que persiste mesmo depois de uma rigorosa avaliação médica – e chega a atrapalhar atividades cotidianas e o relacionamento com outras pessoas.
Nesses quadros, o hipocondríaco tende a ficar ansioso com a doença, mesmo que nenhuma evidência médica justifique a preocupação, e acredita que qualquer sintoma simples pode evidenciar um algo terrível. Por exemplo: uma dor de cabeça certamente significará um tumor cerebral.
A percepção alterada da realidade leva esses pacientes a acharem que precisam, com urgência, de algum medicamento para sobreviver. Por isso, essas pessoas precisam passar por um acompanhamento psicológico ou psiquiátrico nas situações mais graves.
O primeiro passo é criar um forte vínculo de confiança com o paciente, provando que ele pode acreditar quando você diz que está tudo bem. Mas, nem todos os quadros acabam revertidos de forma tão simples. Muitos pacientes demandam tratamentos como a psicoterapia e a terapia cognitivo-comportamental, reconhecidas por serem eficazes em mais de 70% dos casos, além de antidepressivos (usados sob rigorosa orientação médica).
Causas
Não se sabe ao certo por que algumas pessoas desenvolvem a hipocondria. Acredita-se que o tipo de personalidade, a experiência de vida e questões hereditárias estejam envolvidas no distúrbio.
Fatores de risco
A hipocondria atinge igualmente homens e mulheres, e normalmente aparece no início da vida adulta, mas pode se desenvolver em qualquer idade.
Algumas situações podem aumentar a chance de uma pessoa desenvolver hipocondria: histórico de uma doença séria na família, ter convivido com familiares ou conhecidos portadores de uma doença séria, morte de um familiar querido, ter um transtorno de ansiedade, acreditar que boa saúde significa estar livre de quaisquer sintomas, ter familiares próximos hipocondríacos e ter pais negligentes ou abusivos.
Sintomas
Uma pessoa hipocondríaca costuma apresentar os seguintes comportamentos:
- Ter um medo intenso ou ansiedade prolongados de ter uma doença grave;
- Preocupação constante de que os menores sintomas e sensações físicas podem significar uma doença grave;
- Procurar médicos repetidamente ou fazer exames complexos com frequência, como ressonâncias magnéticas ou ecocardiogramas;
- Trocar de médico constantemente, sempre buscando uma segunda opinião que indique uma situação grave;
- Falar diversas vezes sobre seus sintomas ou das doenças que suspeita ter;
- Checar frequentemente o corpo em busca de problemas;
- Checar com frequência os sinais vitais, como pulsação ou pressão arterial;
- Pensar ter uma doença só de ler ou ouvir sobre ela.
As pessoas com hipocondria também tendem a aumentar os sintomas quando realmente estão doentes. Mas, a principal característica está no pensamento obsessivo de que isso, de fato, se trata de uma doença muito grave e de que sua vida pode estar em risco.
Ajuda médica
Ter preocupação com a própria saúde é normal e importante para evitar futuras doenças. É normal também ficar ansioso quando se tem algum sintoma cuja causa o médico não consegue identificar claramente. Essa preocupação só se torna um problema quando a ideia de estar com uma doença séria consome o indivíduo, mesmo que ele já tenha feito exames apropriados e seu médico tenha assegurado que o problema é simples ou mesmo inexistente.
Nesses casos, é aconselhável buscar a ajuda de um psiquiatra ou psicólogo. É comum que alguém da família – ou mesmo um profissional de saúde – dê esse conselho, caso perceba que a preocupação do paciente com a saúde é exagerada.
Diagnóstico
O diagnóstico da hipocondria, em geral, envolve primeiramente um exame físico, em que o médico irá verificar se o paciente realmente tem alguma condição física. Além disso, o profissional fará uma avaliação psicológica, conversando sobre os sentimentos e comportamentos do paciente. Testes de laboratórios podem ser feitos, para verificar a função da tireoide e também se há uso abusivo de álcool e drogas.
Os critérios de diagnóstico da hipocondria, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), são: preocupação por cerca de seis meses ou mais em ter uma doença séria, baseada em sintomas corporais; ansiedade com essa preocupação e dificuldades na vida social, trabalho e na rotina diária, por conta dessa preocupação ou sintomas.
Tratamento
O tratamento para a hipocondria tem diversas abordagens. A primeira delas é a psicoterapia, e a metodologia mais usada é a psicologia cognitiva-comportamental. Essa abordagem permite o paciente reconhecer as causas de seu comportamento ansioso e ensina formas de parar com ele. Além disso, é importante que o paciente aprenda mais sobre a hipocondria, até para saber melhor como lidar. Essa educação sobre o quadro também é importante para a família do paciente.
Em certos casos, sempre avaliados por profissionais, medicamentos também podem ajudar. Principalmente os antidepressivos da classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina ou antidepressivos tricíclicos. Muitas vezes, tratar comorbidades, como ansiedade e depressão, também ajudam no quadro.
Fonte: Minha Vida