A narcolepsia é um distúrbio primário do sistema nervoso central caracterizado por ataques irresistíveis de sono – principalmente durante o dia, mesmo que a pessoa tenha dormido bem à noite. Esses ataques de sono podem ocorrer em qualquer momento e em situações inusitadas: em pé dentro de um ônibus, durante a consulta médica, dirigindo um automóvel ou operando máquinas, por exemplo.
O sono normal começa com o desligamento do controle muscular. Nessa fase, é um sono de ondas lentas. Após cerca de uma hora e meia a pessoa entra na fase do sono REM, na qual a atividade do cérebro é intensa e os olhos se movimentam. Os portadores de narcolepsia saltam essa etapa do sono de ondas lentas e entram direto na fase REM.
Curiosidades
A narcolepsia primária pode ser dividida em narcolepsia com cataplexia (perda de força motora após emoções) e narcolepsia sem cataplexia. A forma secundária pode ser consequência de uma outra condição médica, como a doença de Parkinson ou um trauma severo de crânio.
Na maioria das vezes, pessoas com narcolepsia sofrem preconceito com o estigma de preguiçosas. Perdas na esfera pessoal, profissional e familiar infelizmente acompanham a vida desses pacientes. A melhor maneira de evitar esta realidade é através da informação, que possibilita diagnóstico e tratamento adequados.
Causas
Fatores genéticos estão envolvidos na narcolepsia, que é causada por uma alteração no equilíbrio existente entre algumas substâncias químicas (neurotransmissores) do cérebro, responsáveis pelo aparecimento do sono REM em horas inadequadas. Essa alteração no equilíbrio é caracterizada pela perda de um grupo de células localizadas em uma região cerebral, o hipotálamo. Essas células morrem precocemente e não produzem uma substância chamada de hipocretina, responsável por nos manter acordados.
Muitas são as possibilidades propostas para explicar essa morte celular, sendo que a mais aceita atualmente é a teoria imunológica, em que há uma agressão do sistema imunológico do próprio paciente contra as células do hipotálamo. Esta autoagressão pode ser desencadeada por alguns agentes internos ou externos após uma reação causada por uma infecção viral, por exemplo.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por meio de uma análise das queixas clínicas e pela avaliação eletrofisiológica (exame de polissonografia).
A polissonografia é importante para afastar outras doenças do sono que poderiam justificar a sonolência excessiva durante o dia, como a síndrome da apneia do sono.
Um outro teste realizado é o de múltiplas latências, uma análise de cinco cochilos – de vinte minutos de duração durante o dia. O diagnóstico é confirmado quando o paciente dorme muito rapidamente durante os cochilos e com as fases do sono muito mais profundas do que em pessoas normais.
A narcolepsia é uma doença complexa que ocorre em cerca de 2 em cada 10 mil pessoas, e que envolve fatores genéticos, imunológicos e ambientais. O conjunto exato de causas ainda não está claro.
Atualmente, considera-se HLA DQB1*0602 como o principal marcador genético para predisposição à narcolepsia, e sabe-se que 90% desses pacientes apresentam gene HLA DR2. Esses genes conferem a predisposição, mas não causam sozinhos o problema.
Testes realizados pelo LIG Diagnósticos Especializados, através de solicitação médica, são capazes de identificar esses genes, e auxiliar no diagnóstico médico.
Tratamento
A pessoa com narcolepsia pode apresentar vários episódios de sono irresistíveis durante o dia. Se tiver a oportunidade de tirar um cochilo quando isso acontecer, provavelmente acordará mais disposta, porque essas “pausas” costumam ser reparadoras.
Os tratamentos da sonolência e da cataplexia são diferentes, mas os remédios indicados para um caso podem melhorar o outro também. Deve-se evitar o consumo das bebidas alcoólicas, das drogas sedativas ou daquelas medicações que promovam o sono, como os antialérgicos.
O tratamento farmacológico deve ser individualizado e o seu manejo realizado em centros especializados. Para pacientes com narcolepsia, o suporte e a educação continuada de seus familiares e pessoas próximas também são fundamentais para um bom desempenho psicossocial.
Fontes: Albert Einstein e Dr. Drauzio
Diretrizes brasileiras para o diagnóstico da narcolepsia, Revista Brasileira de Psiquiatria • vol 32 • nº 3 • set2010