O angioedema hereditário é uma doença rara pouco conhecida. Hoje, cerca de 70 capixabas recebem tratamento contra o problema, mas as taxas de incidência apontam que até 300 pessoas que moram no Estado podem sofrer desse mal sem ter o diagnóstico correto.
A boa notícia é que o Espírito Santo é o único Estado do Brasil que fornece gratuitamente todos os medicamentos usados contra a doença, que não tem cura, mas tem controle. Além disso, o Estado disponibiliza um programa específico, em parceria com a Santa Casa de Misericórdia de Vitória, onde os pacientes são acompanhados, e hospitais de referência para socorrer os casos agudos.
“O angioedema hereditário é causado pela falta de uma proteína (Inibidor de C1). Quem não tem essa proteína no organismo apresenta episódios recorrentes de edemas (inchaços), que podem surgir na pele ou em órgãos internos, como intestino e estômago, causando dores abdominais constantes”, explica a alergista e imunologista da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) Faradiba Sarquis Serpa.
Na maioria das vezes, a doença surge antes dos 10 anos, mas também pode aparecer na fase adulta. O problema, segundo a especialista, é que pelo fato de ser rara (a incidência varia de 1 para 10 mil até 1 para 50 mil habitantes), muitos não recebem o diagnóstico correto.
“Se o inchaço ocorrer na laringe (por onde passa o ar que respiramos), a pessoa pode se asfixiar e morrer. Além disso, quando não tratado adequadamente, o angioedema hereditário pode gerar algum grau de incapacidade entre 20 e 100 dias por ano, alerta a médica.
Tratamento
Os inchaços duram de três a cinco dias. Podem surgir sem causa aparente ou ser desencadeados por diversos fatores, como estresse, traumas, infecções, cirurgias, uso de estrogênio (hormônio presente na pílula anticoncepcional), entre outros. Quem apresenta esses sintomas deve ser encaminhado para o atendimento no Programa de Angioedema Hereditário, na Santa Casa de Misericórdia de Vitória.
Lá, os pacientes passam por exames para confirmar ou descartar o problema. “São feitos exames, entre outros, de dosagem da proteína (Inibidor de C1) no sangue e, se preciso, um estudo genético”, explica a alergista. “Se um dos pais tiver a doença, os filhos têm 50% de chance de desenvolvê-la”, revela.
Se o diagnóstico for confirmado, é feita uma prescrição para a retirada de um dos medicamentos do componente especializado (danazol ou ácido tranexâmico), encontrados gratuitamente nas Farmácias Cidadãs Estaduais. Esses produtos são usados na prevenção e minimizam as chances de crises.
Entretanto, quando elas acontecem, a pessoa deve ser levada ao hospital de referência, que são quatro: Santa Casa de Vitória e de Cachoeiro de Itapemirim, Hospital Estadual Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha e Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra. Todos têm o medicamento disponibilizado pela Sesa (icatibanto) usado especificamente em situações agudas.