A mais nova promessa de cura para a Aids é um tratamento que altera células do sistema imunológico do próprio paciente para que apresentem uma rara mutação que impede que sejam invadidas pelo HIV.
Em ensaio clínico do primeiro método de terapia genética contra o HIV em 12 pessoas infectadas, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos) conseguiram reduzir drasticamente a quantidade de vírus em seus organismos. Em um dos pacientes, o tratamento foi tão bem sucedido que a carga viral baixou a níveis não detectáveis por exames, o que os médicos classificam como “cura funcional” da doença.
Conhecida como CCR5 – delta – 32, a mutação afeta cerca de 1% da população em geral e fornece uma resistência natural ao HIV ao reduzir a presença de uma proteína, CCR5, na superfície das células T, que fazem parte do sistema imunológico e são usadas como “fábricas” de cópias pelo vírus.
Sem a proteína o HIV não consegue invadir as células e se reproduzir. Assim, a mutação atraiu o interesse de pesquisadores, que colheram células T dos pacientes e as modificaram para que se comportassem como se tivessem a rara variante genética.
Os pacientes receberam injeções com cerca de 10 bilhões das próprias células modificadas e foram divididos em dois grupos: um continuou a receber o tratamento antirretroviral, enquanto o outro suspendeu os remédios por 12 semanas. As injeções se mostraram seguras e toleráveis, com as células T modificadas persistindo no organismo.
Exames revelaram uma forte alta na presença dessas células do sistema imune no sangue dos voluntários e, embora seu número tenha caído ao longo do tempo, a redução na quantidade de células T modificadas foi muito menor do que as não alteradas no período de interrupção do tratamento antirretroviral.
Foi observado um aumento no número de células T alteradas nos tecidos linfáticos, grandes reservatórios de células imunes do corpo e, por consequência, também do HIV, sugerindo que as células modificadas estavam circulando normalmente no organismo.
“Este estudo mostra que podemos alterar geneticamente células T dos próprios pacientes de forma segura e eficaz para que imitem uma resistência natural ao vírus”, comemora Carl H. June, autor da pesquisa.
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