Trabalhos publicados na revista Science Translational Medicine atestam a eficácia do uso de DNA tumoral circulante (ctDNA, em inglês) como marcador sanguíneo para o diagnóstico e monitoramento de vários tipos de câncer.
Os pesquisadores envolvidos anunciaram a criação de um novo chip capaz de capturar células cancerosas que estão circulando pelas amostras de sangue do paciente, e cultivá-las para uma análise mais detalhada. Esse dispositivo poderia ajudar a diagnosticar os cânceres de forma mais rápida, além de fazer previsões mais precisas sobre o resultado dos tratamentos.
A ideia não é nova e já vem sendo testada há alguns anos por vários laboratórios ao redor do mundo. O que os novos trabalhos trazem é mais uma “prova de conceito” contundente do seu potencial para aplicações práticas na medicina. A principal vantagem seria a possibilidade de monitorar continuamente a doença por meio de um método relativamente simples, rápido e não invasivo – muito mais prático do que a realização de biópsias “sólidas” de tumores (que muitas vezes estão em locais de difícil acesso no corpo) e muito mais preciso e informativo do que o monitoramento de outros marcadores moleculares, como o PSA, relacionado ao câncer de próstata.
De acordo com os cientistas, a análise das células tumorais na corrente sanguínea pode, no futuro, desempenhar um papel importante no diagnóstico precoce do câncer e ajudar os médicos a acompanhar em tempo real se os tratamentos estão funcionando nos pacientes – servindo como uma espécie de “biópsia líquida” dos tumores.
A eficácia da técnica variou entre 50% e 75%, de acordo com o tipo de tumor e o estágio da doença. A eficiência mais alta foi na detecção de tumores avançados do pâncreas, ovários, intestino (colorretal), bexiga, esôfago, mama e pele. A eficácia mais baixa foi para tumores primários nos rins, próstata, tireoide e no cérebro.
Aplicabilidade:
A aplicação mais imediata da técnica deverá ser no monitoramento de casos de câncer já diagnosticados. As informações genéticas contidas no ctDNA podem dar pistas importantes sobre a melhor maneira de combater a doença, tornando a terapia mais personalizada (paciente-específica) e, consequentemente, mais eficiente. Outra aplicação importante seria no monitoramento de metástases, de recidivas e do surgimento de mutações que podem alterar o comportamento da doença — e, consequentemente, a escolha do tratamento.
Num futuro um pouco mais distante, a esperança é usar a mesma estratégia para a detecção precoce de novos casos de câncer – especialmente em pacientes que pertencem a grupos de risco, como fumantes ou famílias com histórico de câncer de mama.
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