Recentemente, no dia 05 de abril, o ator José Wilker faleceu em decorrência de um infarto. Amigos próximos relataram que Wilker havia se submetido recentemente a exames, o famoso check-up. E é justamente esse tipo de ocorrência que tem gerado algumas discussões. Como hoje é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão, vamos abordar e esclarecer algumas questões.
Há alguns pontos nesse sistema de check-ups que podem levar à falha a sua capacidade de predição dos riscos, sendo um deles exatamente o fato de a maioria não incluir exames de imagem. A obstrução arterial por placas de gordura que causam infarto, por exemplo, só é visível por meio dessa tecnologia. Além disso, não são apenas as placas de gordura que causam infarto, mas também eventuais espasmos musculares do coração.
As placas de gordura podem passar despercebidas num teste de esforço, se forem pequenas, mas não seriam ignoradas em um exame de cintilografia coronariana ou em uma angiotomografia. Mas, como são procedimentos mais caros e que submetem o paciente à radiação, há relutância dos planos de saúde em autorizá-los. A Associação Brasileira de Medicina de Grupo disse reconhecer que “o médico é sempre o profissional indicado para fazer a avaliação” e que libera exames complementares “nos casos de alto risco.”
O desafio é descobrir quem precisa de investigação mais apurada, o que a entrevista médica pode indicar. Médico do Instituto do Coração de São Paulo, o cardiologista Sérgio Timerman diz ser adepto da “conversoterapia”. Com ele, o diagnóstico não sai antes de ser traçado um quadro com os hábitos do paciente e o histórico de enfermidades de sua família. “Em consultas de 15 minutos não se faz medicina”, diz. Segundo ele, estudos mostram que pacientes que morreram de infarto muitas vezes tiveram algum sintoma que negligenciaram, como falta de ar. De detalhe em detalhe, é calculado o risco do indivíduo e o teste laboratorial mais indicado. Até um cateterismo pode ser usado em último caso. Para complementar o esforço por uma melhor prevenção, a credibilidade dos testes é fundamental.
Fonte: ISTOÉ