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A tireoide pede Atenção

3 de maio de 2015

Entre tantas prescrições, conselhos e avisos que a grávida recebe, não é incomum que os cuidados com a tireoide fiquem em segundo plano. Pois não deveriam: de 6% a 9% das futuras mães sofrem de hipotireoidismo e não sabem disso. O déficit na produção dos hormônios T3 e T4 compromete seriamente a evolução neurológica do bebê. “Além disso, há maior risco de parto prematuro, baixo peso ao nascer, aborto e morte fetal”, lista o médico José Augusto Sgarbi, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolologia – Regional São Paulo. O tópico é tão sério que a entidade está para lançar um consenso para o diagnóstico e o tratamento das disfunções de tireoide na gravidez. “Entre as novidades, pediremos o rastreamento de problemas na glândula logo no trimestre inicial da gestação”, adianta Sgarbi. E fica o convite para as mulheres investigarem se anda tudo bem com a tireoide, antes mesmo de engravidar.

Listamos, a seguir, outras seis pontos que mostram a importância de prestar atenção em desordens tireoidianas nessa fase da vida.

Maior risco

Existem situações em que a grávida precisa acionar ainda mais o alerta: ter idade superior a 35 anos, estar acima do peso, apresentar histórico de diabete, portar doenças autoimunes, ter usado o remédio levotiroxina… Tudo isso está associado à maior probabilidade de a tireoide derrapar em seu trabalho. Se for diagnosticado um problema ali, a gestante deve também ser acompanhada por um endocrinologista. O tratamento, segundo os especialistas, é seguro para a mãe e para o feto.

Perigo que mora no plástico

O bisfenol A, substância presente em alguns recipientes plásticos e que vem sendo abolida pela indústria, é capaz de desregular a tireoide durante a gravidez, mesmo em baixas concentrações. É o que acusa uma pesquisa com ratos concluída pela Universidade Federal de São Paulo. Priorizar potes de vidro e evitar levar os de plástico ao micro-ondas podem ser medidas que ajudem a minimizar esse risco.

O elo com o autismo

A presença de hipotireoidismo na gestação eleva em quatro vezes a probabilidade de o bebê nascer autista, revela um estudo do Instituto Neurológico Metodista de Houston, nos Estados Unidos, e do Centro Médico Erasmus, na Holanda, que analisou mais de 4 mil grávidas. Para diminuir o risco, é aconselhável tratar esse distúrbio da tireoide, asseguram os autores da pesquisa.

Barreiras para ouvir

Quando o hipotireoidismo passa de mãe pra filho (afinal, os genes também entram na história), sobra até para a audição do pequeno. E, sem o desenvolvimento pleno desse sentido, a criança vai enfrentar dificuldades para se comunicar e compreender o que se aprende na sala de aula. O alerta vem de um trabalho da Universidade Federal da Bahia que, após avaliar 37 meninos e meninas com hipotireoidismo, mostrou que quase um terço deles não ia bem na escola.

Olho no pós-parto

Um levantamento da Associação Europeia de Tireoide constatou que as mamães correm um risco sete vezes maior de ter hipotireoidismo logo após dar à luz. E os sintomas, nesse caso, não raro se confundem com os da depressão. Uma das explicações para o fenômeno é que o sistema imune, que fica menos ativo na gestação, volta a trabalhar com tudo após o nascimento do bebê. E, aí, pode agredir a glândula no pescoço, que deixa de funcionar como antes. 

E o excesso…

O hipertireoidismo, quando a glândula fabrica hormônios demais, também demanda muito cuidado durante os nove meses de gravidez. Médicos afirmam que o excesso de T3 e T4 aumenta o risco de aborto e malformações fetais. Uma pesquisa do Instituto de Educação e Pesquisa Médica da Índia ainda elenca outras ameaças quando esse quadro não é controlado: maior possibilidade de a gestante encarar pré-eclâmpsia (a escalada da pressão nessa fase), diabete e entraves ao crescimento do útero.

Fonte: M de Mulher